Recepção midiática na construção de imaginários do Brasil como país de migração

Liliane Dutra Brignol
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Professora e pesquisadora do Departamento de Ciências da Comunicação, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, Santa Maria - RS - Brasil), onde integra o corpo docente do Programa de Pós-graduação em Comunicação, atuando na linha de pesquisa Mídia e identidades contemporâneas. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos, São Leopoldo - RS - Brasil), tendo cursado o doutorado no PPG em Ciências da Comunicação da Unisinos de 2006 a 2010, com bolsa Capes-Prosup. Mestre em Ciências da Comunicação pela Unisinos (2004, com bolsa CNPq) e graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (2001).
Correo: lilianebrignol@gmail.com

Recibido: enero 2014 Aprobado: febrero 2014

Resumo
Com uma abordagem vinculada aos estudos culturais, o artigo reflete sobre as relações entre recepção midiática e construção de imaginários em torno do Brasil como país receptor de novos fluxos migratórios. A partir da análise de seis entrevistas em profundidade de história de vida, é possível perceber como as representações midiáticas incidem na recepção de migrantes de diferentes nacionalidades, de forma a participar na construção de imaginários do Brasil como lugar bom para viver e trabalhar. Entretanto, referências à violência e a elementos festivos se mantêm no imaginário dos migrantes, sobretudo a partir de memórias da recepção televisiva. Após a migração, o Brasil que se constrói como país acolhedor também se mostra como local da burocracia e restrições legais, que dificultam a vida de quem deseja construir projetos em seu território.
Palavras chave: Migrações contemporâneas; recepção midiática; imaginário; Brasil.

Resumen
A través de un abordaje fundado en los estudios culturales, el artículo reflexiona sobre relaciones entre recepción mediática y construcciones de imaginarios alrededor de Brasil como país receptor de nuevos flujos migratorios. Por medio del análisis de seis entrevistas en profundidad de historias de vida es posible percibir cómo las representaciones de los medios afectan a la recepción de migrantes de diferentes nacionalidades con el fin de participar en la construcción del imaginario de Brasil como un buen lugar para vivir y trabajar. Sin embargo, las referencias a la violencia y a elementos festivos permanecen, en su mayoría por recuerdos de la recepción televisiva. Después de la migración, el Brasil que se construye como país acogedor también se muestra como lugar de burocracia y de restricciones legales que dificultan la vida de aquellos que quieren construir proyectos en su territorio.
Palabras clave: Migraciones contemporáneas; recepción mediática; imaginario; Brasil.

Abstract
Through an approach linked to cultural studies, the essay reflects on the relationship between media reception and the construction of imagery of Brazil as a host country for new immigration flows.  From the analysis of six in-depth interviews of life report, it is possible to see how media representations affect the reception of migrants of different nationalities in order to participate in the construction of an imaginary of Brazil as a good place to live and work. However, some references to violence and festive elements remain in the imaginary of migrants, mostly of memories from television programs. After the immigration, a Brazil which is constructed as a welcoming country also shows up as a place full of bureaucracy and legal restrictions that hamper the lives of those who want to build projects on its territory.
Keywords: Contemporary Migration; media reception; imaginary; Brazil.

 

Introdução - Brasil como país de migração e o receptor migrante

O trabalho integra projeto de pesquisa cujo objetivo é investigar o papel da mídia, com destaque à internet, na construção de projetos de migração de sujeitos de diferentes nacionalidades que escolhem o Brasil como país para viver. A partir do diálogo com investigações anteriores, busca-se entender a incidência das múltiplas apropriações das mídias na construção de um imaginário em torno do Brasil como país receptor do fenômeno migratório contemporâneo.

Percebe-se que, nos últimos anos, o Brasil vinha ganhando destaque na mídia nacional e estrangeira em função do cenário promissor de estabilidade política, crescimento econômico, ampliação de investimentos em infraestrutura e consequentes ofertas de trabalho, incluindo a crescente necessidade de mão-de-obra qualificada. Um exemplo que ilustra o espaço que a mídia vinha dando ao Brasil é a capa da edição de setembro de 2012 da revista norte-americana Forbes com o ranking das 100 mulheres mais poderosas do ano, na qual a presidente Dilma Rousseff é destaque, ocupando a terceira posição.

Em 2009, a imagem do Cristo Redentor levantando vôo ocupava a capa da revista britânica The Economist, ao anunciar que o país “decolava” e se tornava o maior caso de sucesso econômico entre países latino-americanos. Em 2013, a versão era outra. A revista recuperou a imagem do símbolo do Rio de Janeiro, agora em trajetória de queda, diante de dados que mostram um crescimento econômico abaixo do esperado, baixos investimentos em infra-estrutura e um pesado sistema tributário. A reportagem recupera ainda a repercussão dos protestos realizados em diferentes cidades do país, sobretudo no mês de junho de 2013, em claro descontentamento da população diante do alto custo de vida, da má qualidade de serviços públicos, como o sistema de transporte, da corrupção, entre outras demandas.

Apesar dos momentos diferentes, as reportagens são ilustrativas de um contexto maior de produção midiática que constrói representações do Brasil, um país diverso também em suas contradições. Junto com o noticiário televisivo, as revistas, jornais, livros, filmes e outras produções ficcionais, como as telenovelas, integram uma oferta de significações em torno de um imaginário de país que vai se construindo para uma recepção plural. Entre ela, nosso interesse é por uma aproximação ao migrante como sujeito receptor.

Historicamente, o Brasil é marcado pela presença de migrantes, especialmente africanos (se considerarmos a migração forçada em função da escravidão no período colonial) e europeus (vindos inicialmente com o objetivo de substituição da mão-de-obra escrava). Entre 1819 e final da década de 1940, como recuperam Cogo e Badet, “o Brasil recebeu cinco milhões de migrantes, principalmente italianos, portugueses, espanhóis, alemães e japoneses, mas também grupos migratórios menos expressivos, como russos, austríacos, sírio-libaneses e poloneses” (2013, p. 22). Embora sempre presente na constituição brasileira, apenas mais recentemente o tema da migração volta a chamar a atenção, em função de um crescimento do fluxo de migrantes.

Nos últimos anos, o Brasil vem se projetando como país receptor de migração oriunda de diferentes países e continentes, sobretudo dos países vizinhos da América do Sul, mas também de demais países da América Latina, e, até mesmo, outros países em desenvolvimento ou desenvolvidos. Isso confirma uma tendência global de conformação de novos fluxos migratórios, que rompem com a polarização do movimento sul-norte, com o aumento das redes migratórias em direção a países em desenvolvimento, em movimentos sul-sul ou norte-sul (Blanco, 2006).

De acordo com o Censo Demográfico 2010, o número de migrantes transnacionais residentes no Brasil aumentou 86,7% em dez anos. Dados do Ministério da Justiça brasileiro de 2012 confirmam a intensificação do movimento de migração para o país, com o registro de um total de 1,5 milhões de migrantes legalizados: sendo 938.833 migrantes com visto permanente e 636 mil com visto temporário (ZAMBERLAM et. al, 2013, p. 17). Segundo os dados mais recentes fornecidos pela Polícia Federal (PF)1, os principais países de origem da população migrante no Brasil são Portugal, com 277.727 pessoas; Japão, com 91.042; Itália, com 73.126, Espanha, com 59.985 e Bolívia, com 50.240. Segundo o Itamaraty, o número de vistos permanentes emitidos em 2012 chega a 9.359, dos quais 1.405 pessoas vieram do Haiti, sendo esse o país que mais distribuiu migrantes ao Brasil naquele ano.

Pesquisadores apontam inúmeras razões pra este novo ciclo de migração. Entre eles, “a maior inserção do Brasil na globalização de mercado, a recente crise financeira mundial nos países desenvolvidos, o crescimento socioeconômico brasileiro e os grandes investimentos na infra-estrutura da economia” (Zamberlan, et. al, 2013, p. 17). Isto tem atraído migrantes de países europeus e asiáticos, assim como dos Estados Unidos, embora o grande fluxo migratório para o Brasil no século XXI seja procedente da América Latina (em torno de 60%) e do Caribe. Zamberlan (et. al, 2013) lembra que o Acordo de Residência do Mercosul e os acordos bilaterais tem sido os impulsionadores da mobilidade humana de pessoas dessa região ao país.

Em consonância com Cogo e Badet, percebemos que “à medida que o Brasil avança econômica e politicamente na esfera de influência internacional, igualmente adquire visibilidade e passa a povoar o imaginário global como destino migratório e como espaço para vivência concreta de projetos de migração” (2013, p. 31). Entre os novos fluxos migratórios destinados ao território brasileiro, as autoras destacam a vinda de haitianos, após o terremoto que atingiu o país e agravou a situação de pobreza de sua população, em 2010. Ganha projeção também a presença latino-americana e africana no Brasil, o aumento da comunidade asiática no país, o crescimento da presença de refugiados e também a vinda de europeus e norte-americanos, sobretudo depois da crise econômica de 2008, período em que se observou um acréscimo de 60% no número de autorizações de trabalho para nacionais desses países, chegando a um milhão em 2011.

Embora dos dados estatísticos não consigam dar conta da complexidade e diversidade da dinâmica migratória no Brasil, sobretudo porque estão baseados apenas nas situações de migrantes regularizados no país, são indicativos da importância crescente da experiência migratória no cenário nacional. Isso exige pensar em termos de pesquisas acadêmicas para a compreensão deste fenômeno como relação intercultural e dinamizadora de compreensões de mundo e identidades.

Migração e mídia, identidades e imaginários sociais

Compreender o imaginário de Brasil para migrantes transnacionais que escolheram o país como local para viver significa buscar entrelaçamentos entre identidades, representações e memórias, o que se propõe fazer através de um estudo de recepção midiática, entendido como perspectiva teórico-metodológica a pensar o processo de comunicação a partir de complexas relações de construção de sentidos dos sujeitos a partir das mídias. Nesta compreensão, nos aproximamos do conceito de usos sociais das mídias (MARTÍN BARBERO, 2001; 2002), como apropriações, ressignificações, construções operadas na recepção a partir dos modos de fazer plurais com os meios de comunicação, em contextos cotidianos concretos.

Situamos nossa compreensão de cultura, identidade e comunicação na perspectiva dos estudos culturais. Levando em consideração as mediações culturais, os contextos cotidianos, as experiências e competências, Stuart Hall (2003) ajuda a compor o eixo teórico de reflexão sobre as dinâmicas multiculturais intensificadas pelos processos migratórios. Partindo da compreensão do impacto da experiência das migrações ou diásporas, como prefere Hall, García Canclini (2001), Martín-Barbero (2002), entre outros autores dos estudos culturais, trazem aportes para reflexões, desde a realidade latino-americana, a respeito da presença de migrantes para a pluralização das dinâmicas culturais e relações de identidade.

A relação entre comunicação e cultura, o afastamento do determinismo tecnológico, a valorização do receptor e a preocupação com processo de significação inserido nas práticas cotidianas são algumas das perspectivas assumidas a partir dos estudos culturais latino-americanos que colaboram para pensarmos os usos sociais das mídias. Assim como o estudo da comunicação através das mediações, as atuais reflexões sobre o papel dos meios, das tecnologias da informação e comunicação e das mediações tecnológicas enriquecem o debate.

A migração é entendida, neste contexto, como dinamizadora das relações identitárias (Hall, 1996; 2003). O emaranhado de identificações surgidas a partir da experiência de deslocamento, que pode até mesmo combinar tentativas de resgate e manutenção dos vínculos com o passado e a emergência de novas experiências favorecidas pela mudança, vai ser responsável por uma profunda reconfiguração no modo como entendemos as identidades.

Para a compreensão das migrações transnacionais busca-se um diálogo com investigadores a cerca do fenômeno (Grimson, 1999; Blanco, 2006; Santamaría, 2008; Pascual de Sans, 2007) e seu cruzamento com o campo das mídias (Cogo, Huertas Bailén e ElHajji, 2012). Responsável por impactos tão significativos tanto nos países de nascimento como de destino dos migrantes, as migrações vão produzir identidades plurais, que não se vinculam a um território específico, mas são atravessadas por diferentes pertenças, ou seja, são marcadas pelo transnacionalismo 2. São identidades híbridas (García Canclini, 2001) que obrigam uma profunda revisão na relação experimentada entre passado e presente, exigindo entendê-las em seu constante fazer-se.

Este processo de construção de identidades plurais é atravessado por construções midiáticas que se valem de elementos simbólicos para representar culturas e formas de reconhecimento. Num contexto de centralidade da esfera da mídia (Silverstone, 2002), é possível perceber o papel que ela ocupa como conformadora de imaginários sociais que emergem entrelaçados com a memória protagonizada pelos sujeitos, tanto de forma individual quanto coletiva. Como presença constante em nossa vida diária, a mídia é conformadora das experiências, assim como as experiências cotidianas terão um importante papel na formação das mídias, em um complexo “movimento pelos diferentes espaços midiáticos e para dentro e fora do espaço midiático”, como diz Silverstone (2002, p. 24). É no lugar não só de apresentação e representação, como também de construção do mundo, que pensamos a esfera midiática.

Assim, compreensão de imaginário social remete a questões relacionadas ao caráter construído da realidade social, assim como à interpretação que fazem os atores do mundo em que vivem e os sentidos que outorgam às suas práticas sociais (Cogo e Brignol, 2010). Segundo Taylor (2006), os imaginários sociais não derivam de elementos explícita e teoricamente construídos, mas que, podendo ou não ser expressos verbalmente, aparecem como supostos e imagens subjacentes aos nossos processos de interação. Dentre esses elementos, situam-se lendas, mitos, histórias, estereótipos, preconceitos e tradições, ideais e fins considerados adequados para orientar a vida social, elementos estes reafirmados, construídos ou ressignificados midiaticamente.

Nessa perspectiva, a relação entre comunicação e cultura, o afastamento do determinismo tecnológico, a valorização do receptor e a preocupação com o processo de significação inserido nas práticas cotidianas são algumas das reflexões assumidas que colaboram para pensarmos os usos sociais das mídias por migrantes no contexto brasileiro e a construção de um Brasil imaginado midiaticamente por estes migrantes.

Imaginários de Brasil construídos através da recepção midiática

Em pesquisa sobre as interações comunicacionais e midiáticas de migrantes latino-americanos no contexto urbano da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, desenvolvida, entre 2004 e 2007, Cogo (2009) apontava as relações entre o Brasil imaginado e o Brasil vivido e reinventado nas experiências cotidianas de migrantes entrevistados. A pesquisa empírica que apresentamos neste artigo busca dialogar com tais considerações, de modo a questionar sobre uma possível renovação dos sentidos construídos em torno da identidade brasileira nos últimos anos e sua implicação na dinâmica migratória, a partir de experiências concretas de migrantes.

Assim, busca-se entender de que modo as representações midiáticas incidem na recepção dos migrantes, através dos usos sociais das mídias, de forma a participar na construção de imaginários em torno do Brasil como lugar para viver, estudar e trabalhar. Em um segundo momento, busca-se entender a relação entre as representações do Brasil experimentadas no país de nascimento e depois da migração, em confronto com as experiências vividas no cotidiano dos migrantes.

Como referenciado, as estratégias metodológicas ancoram-se no aporte dos estudos de recepção, sobretudo na vertente que busca compreender os usos sociais das mídias. Como procedimentos de pesquisa, buscou-se desenvolver entrevistas em profundidade de relatos de história de vida e história de vida midiática. Entende-se que existe um relato de vida quando há uma descrição em forma narrativa de um fragmento da experiência vivida. Tal compreensão apóia-se na proposição de Bertaux (2005) sobre a técnica, ao considerar que uma entrevista narrativa orientada à reconstrução de uma série de acontecimentos, situações, interações e atos, relatados de um ponto de vista pessoal, contém sempre um conjunto de dados baseados em acontecimentos, que permite levantar indícios das relações e dos processos sociais a serem analisados.

As entrevistas em profundidade de relatos de história de vida são baseadas em três eixos de questões: a cerca de projetos de migração, usos sociais das mídias e imaginários em torno do Brasil construídos pelos entrevistados. Para as entrevistas, são selecionados migrantes de diferentes nacionalidades, homens e mulheres, de faixas etárias diferentes, residentes no país desde os anos 2000 ou menos e que tenham construído projetos de vida, com inserção de estudo, trabalho, relações afetivas, no contexto brasileiro, ainda que se entenda o caráter transitório, dinâmico e fluído de todo o processo migratório.

Na etapa inicial da pesquisa, foram desenvolvidas seis de um total de 15 entrevistas previstas, sobre as quais propomos uma análise que já nos permite refletir sobre o modo como as representações midiáticas incidem na recepção dos migrantes. Das entrevistas realizadas, como indica o quadro abaixo, duas delas foram realizadas com mulheres migrantes – uma nascida em Guiné-Bissau e outra no Peru –, e quatro com homens – dois nascidos no Peru, um na Hungria e outro no Uruguai. As idades variam de 23 a 62 anos. O tempo de residência desses migrantes no Brasil varia entre um e 13 anos. São duas as cidades de residência dos entrevistados, Santa Maria, cidade na região central do estado do Rio Grande do Sul, e Porto Alegre, capital do estado, onde se concentra um número maior de migrantes transnacionais, sobretudo dos países do Mercosul.

Quanto aos usos das mídias, a internet aparece como meio de comunicação mais presente para os entrevistados, que citaram tanto sites de seus países de nascimento, como sites de redes sociais online, entre os mais acessados em seu cotidiano. O email e programas mensageiros também estão presentes para todos os entrevistados, como forma de manutenção de vínculos com familiares e amigos. A importância da internet como meio de acesso a informações e como ambiência de comunicação transnacional confirma dados de pesquisa anterior, em que, através de uma aproximação a usos sociais da internet por migrantes latino-americanos residentes em Barcelona, na Espanha, e Porto Alegre, no Brasil, refletimos sobre o papel que a rede mundial de computadores ocupa no cotidiano dos sujeitos e o impacto que desempenha para a própria vivência da experiência da migração.

Nas entrevistas, também comprovamos a importância da internet para a construção dos projetos de migração, com a escolha do Brasil como local para viver, sobretudo pela possibilidade de contato com conterrâneos e amigos que já migraram. As redes de apoio à migração são reforçadas pelos vínculos mantidos através de usos de sites de redes sociais, trocas de mensagens e de informações em rede. Um dos entrevistados citou a consulta a Wikipedia3 na busca por informações sobre Brasília, cidade em que morou logo que chegou ao Brasil. Outros três declararam trocar mensagens com amigos ou parentes que já viviam no Brasil antes de migrar.

As redes de apoio, mais do que referências midiáticas, foram definidoras da escolha do Brasil para o entrevistado 1, nascido no Uruguai, integrante de uma congregação religiosa que auxiliou na sua chegada. O mesmo aconteceu com a estudante de Guiné Bissau, que tinha um amigo estudando na mesma universidade em que concorreu a uma bolsa, na cidade de Santa Maria. O empresário da Hungria se lembra de ter conversado com cinco colegas de trabalho que já tinham vindo ao Brasil para trabalhar na mesma empresa em que ele. Assim, há relatos da importância da comunicação interpessoal como fonte de conhecimento sobre o país antes de migrar:

Naquele tempo não tinha muita fonte de informação, porque, 12 anos atrás eu não tinha acesso à internet como tenho hoje. Não tinha essa facilidade de acesso à mídia que tenho hoje, então era mais através das pessoas que conhecia mesmo. (Entrevistado 1)

Sobre as motivações para migrar para o Brasil, dois entrevistados apontaram situações de crise como definidoras da construção do projeto de migração. Para o entrevistado 6, um terremoto em sua cidade, no Peru, fez com que a família decidisse recomeçar a vida na cidade brasileira em que o pai havia estudado na juventude.

Na verdade, foi por força, não foi por vontade própria, porque lá teve um terremoto, na minha cidade, daí destruiu tudo. Só que a minha mãe é uma pessoa muito nervosa, meu pai disse que não dava mais para morar lá, porque qualquer movimento já minha mãe não conseguia ter uma vida normal. Meu pai se formou aqui na [universidade] federal há 20 e poucos anos. E ele já conhecia aqui, tinha amigos e tal. Assim, foi uma decisão do dia para a noite “então vamos sair daqui, vamos para o Brasil”. (Entrevistado 6)

A crise econômica na Europa e uma oferta de trabalho fizeram com que o entrevistado 3, nascido na Hungria, optasse por migrar para o Brasil. Inicialmente, ele trabalhava para uma empresa transnacional e depois abriu um pequeno negócio na cidade de Santa Maria. Ele é o único a destacar diretamente uma idéia do Brasil como terra de oportunidades:

Para viver no Brasil é bem mais fácil, na Europa com a crise econômica é muito difícil achar emprego, a concorrência é muito grande, não tem dinheiro o suficiente para comprar produtos, o que foi motivo para muitas empresas, que tiveram que migrar para outros países. (Entrevistado 3)

Ele também observa que acompanhava sobre a situação do Brasil através dos meios de comunicação: “ Na Hungria, os meios de comunicação informam bem sobre o Brasil: o país em crescimento e desenvolvimento”, lembrou durante a entrevista.

Para outros dois entrevistados, a migração surge com a possibilidade de estudos. É o que afirmou a entrevistada 5, jovem de Guiné Bissau que concorreu a uma bolsa através de um convênio do governo de seu país com universidades brasileiras, e o entrevistado 4, engenheiro de produção que veio ao Brasil em um intercâmbio, e optou por ficar no país depois de conseguir se estabelecer profissionalmente. Os outros dois entrevistados migraram para o Brasil em função de contatos anteriores: o entrevistado 1, do Uruguai, através da congregação da igreja Católica em que está vinculado como seminarista, e a entrevistada 2, do Peru, por meio do convite feito pelo irmão que já vivia em Porto Alegre.

Quanto aos usos sociais das mídias, a televisão, além da internet, também aparece na memória dos entrevistados quando perguntados sobre fontes de informação a respeito do Brasil quando ainda viviam em seus países de nascimento. Telejornais e telenovelas brasileiros foram citados por três entrevistados, conformando um imaginário de Brasil, por um lado, marcado pela violência urbana e pela falta de segurança, e, por outro, caracterizado por um estilo de vida urbano dos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo. O entrevistado 1 é bastante crítico sobre a construção midiática a respeito do Brasil, sobretudo nas telenovelas:

Quando eu cheguei aqui estava passando a novela O Clone. E no Uruguai víamos também, porque pega televisão brasileira. Bom, a realidade que passa, para mim, pelo menos, é de que está tudo bem, todo mundo tem dinheiro, pobre não existe. Essa é a realidade que passa, um panorama fantástico, fantasioso. (Entrevistado 1)

A entrevistada 2 também destaca a importância das telenovelas como fonte de conhecimento sobre o modo de vida no Brasil:

Na verdade, no meu país tinha acesso a tudo (internet, TV a cabo), sobretudo pela Globo. A Globo está em todo o espaço do mundo, né. Até a gente olhava as novelas. Nós temos tv a cabo lá, com tantos canais, então sempre tive acesso aos meios de informação lá no meu país. Foi por meio da tv, só da tv. (Entrevistada 2)

Em contraponto ao cenário da ficção televisiva, o entrevistado 1 enfatizou a importância de conversas com brasileiros em outros lugares em que viveu, como na Itália, que apontavam diferenças em relação ao Brasil representado nas telenovelas, sobretudo a partir das profundas desigualdades sociais vividas no país e abordadas de modo superficial nas tramas.

Os brasileiros com quem eu morei na Itália eram da Bahia. A realidade era um pouquinho diferente, mas eram de uma cidade grande como Porto Alegre, então a cultura era um pouco diferente da nossa daqui. Eles me contavam dos problemas políticos, uma das grandes coisas que sempre se falava era dos problemas da desigualdade social que tem. Que, na verdade, é assim mesmo. Depois consegui comprovar morando aqui. E depois com os brasileiros que eu morava no Uruguai, ou pelo menos tinha contato, eram de Curitiba e também o papo era o mesmo. (Entrevistado 1)

A entrevistada 5, de Guiné Bissau, lembra que quase foi impedida de viajar para o Brasil pela mãe em função nas notícias que assistiam em telejornais da rede Record de televisão, a que tinham acesso em seu país.

Eu acho um pouco um pouco das minhas expectativas até porque lá também a gente assiste a Record, não sei, que mostra um realismo. Quando eu cheguei aqui. A gente assistiu vários notícias assim do Brasil que tem a parte negativa, mostra essas coisas de tráfico. Daí que eu fiquei com medo, assim, mas quando eu cheguei aqui eu vi que não era assim. Eu agora falei pra mãe, até a mãe ficava assim “ah mas esse país é muito perigoso”, não mas as imagens que passam ali não é da realidade. (Entrevistada 5)

Nestes casos, depois da migração, é percebida uma diferença entre o país imaginado através das telenovelas “fantasiosas” e os telejornais “violentos”, como narrado pelos entrevistados, e as experiências concretas vividas em cidades bastante diferentes daquelas que assistiam pela televisão. Porto Alegre, para o entrevistado uruguaio, é mais parecida com sua terra natal do que os cenários das telenovelas a que tinha acesso. Santa Maria, para a estudante, é uma cidade pequena e tranqüila, se comparada a São Paulo, para onde migraram muitos de seus amigos de Guiné Bissau e de onde partiam a maioria das notícias a que assistia pela televisão.

No geral, as falas dos entrevistados recuperam estereótipos em torno da imagem do Brasil no exterior: inicialmente, o país ainda é lembrado como terra tropical, do futebol, do carnaval e do samba. Mesmo a miscigenação, as heranças da migração européia e o frio causam estranhamentos para os migrantes que precisam aprender a viver em um país longe do eixo Rio de Janeiro e São Paulo.

Cara, se tu perguntar para qualquer estrangeiro, Brasil não é a melhor reputação que tem fora. Até já conversei nas viagens que fiz com muitos estrangeiros sobre o que pensam do Brasil e é futebol, carnaval e praia (carnaval e praia é putaria, ou relacionado à mulher). E o futebol, o pessoal não fala mais do que isso. E quando vim morar aqui, tudo isso foi mudando um pouco, porque dá para perceber que o Brasil simplesmente não é isso. Claro que tem muito, até porque a mídia faz muito isso de carnaval, então não tem como deixar de lado. Mas pouco a pouco foi mudando o pensamento que eu tinha inicialmente e o que tenho agora. (Entrevistado 6)

O que fica do Brasil fora no meu país é a alegria, a festa, pelo carnaval. Tu pensa no Brasil e já pensa no carnaval. A primeira impressão, com certeza. Pergunta a qualquer estrangeiro fora do Brasil, chileno, eles pensam: carnaval – Brasil – samba. Mas quando cheguei aqui era uma situação diferente. Eu não conhecia aqui. (Entrevistada 2)

A diferença começa a ser percebida quando, a partir da experiência migratória, um Brasil mais diverso, em alguns aspectos contraposto ao que era significado pela recepção televisiva, começa a ser desvelado. Os estranhamentos podem ser observados nas falas dos entrevistados, mesmo nos casos daqueles que mantinham contato com outras pessoas que já moravam no país através das redes sociais online ou da internet.

Entre essas diferenças, além da barreira da língua, a mais recorrente nas entrevistas representa um afastamento da idéia de Brasil como país acolhedor ou como terra de oportunidades. Trata-se de um universo de dificuldades, burocracias e impedimentos legais a que se deparam os migrantes no contexto brasileiro. Com uma Lei do Estrangeiro (6.815/1980) criada durante a ditadura militar e que mais criminaliza do que ampara os cidadãos, por tratar o tema a partir de um enfoque de segurança nacional, a condição migrante no Brasil passa por inúmeros obstáculos, alguns deles levando a desencantamento dos entrevistados quanto às possibilidades de construção de projetos de vida no país.

A entrevistada 2, por exemplo, teve dificuldade em alugar um imóvel no seu nome na cidade de Porto Alegre. Mesmo há sete anos no país, vive em um quarto alugado na casa de uma brasileira:

Estou morando num apartamento que a dona alugou um quarto para mim, que é independente, né. Eu tenho o meu quarto, saio e entro quando eu quero. Ela trabalha o dia todo, então praticamente como se a gente morasse sozinha. Mas quando preciso de um documento para, por exemplo, tirar meu cartão na Caixa Federal, poupança, precisa de uma declaração [comprovante de residência], se eu pedir para ela, ela faz. Ela facilita o acesso. Mas eu já vi o caso de uma amiga que para estrangeiro é muito difícil a compra de um imóvel. Precisa de um monte de coisa... Ela não quis porque é muita coisa que pedia. Mas eu penso que com o tempo eu vou conseguir. (Entrevistada 2)

Ao longo da entrevista, ela abordou, ainda, que, apesar de perceber um crescimento econômico no país, os migrantes enfrentam muitas dificuldades em conseguir m trabalho. Mesmo sendo assistente social, com curso superior, atua como professora de espanhol, pela dificuldade no reconhecimento de seu diploma. O entrevistado 6 também relatou dificuldades quanto a questões legais, sobretudo para conseguir a residência. Sua família levou três anos para regularizar a situação desde que chegou ao país.

A entrevistada 5, mesmo que tenha tido sua vinda facilitada através de um convênio de cooperação acadêmica entre Guiné Bissau e Brasil, não encontrou local onde morar logo que chegou a Santa Maria, pois a universidade restringe o acesso à moradia estudantil aos cidadãos nascidos no território nacional. Assim também se viu impossibilitada de disputar uma bolsa de iniciação científica, em função de sua condição de migrante, que a coloca em situação desigual em relação aos estudantes brasileiros.

O entrevistado 1 levou seis anos para conseguir a residência permanente no país. No paradoxo de um imaginário entre o Brasil a que todos recebe e os entraves da lei, assim ele resume sobre sua experiência no país: “Os brasileiros acolhem muito bem. As leis não, a legislação brasileira não, mas os brasileiros acolhem muito bem. A dificuldade não foi com as pessoas, mas com a legislação”.

Considerações finais

Mesmo que a pesquisa ainda esteja em andamento, os dados empíricos coletados e apresentados neste artigo permitem pensar sobre diferentes dimensões acionadas pelas experiências dos sujeitos migrantes – com e para além da mídia – construtoras de sentidos múltiplos de Brasil na relação com os fluxos migratórios. Os deslocamentos transnacionais e as relações interculturais que se estabelecem a partir deles são percebidos como dinamizadores de vivências identitárias múltiplas que, em parte, se baseiam e até reforçam estereótipos, e, por outro lado, criam novas significações para os imaginários sociais.

Constatamos que a internet é o meio mais presente no cotidiano dos entrevistados. Alguns chegam a afirmar que estão sempre conectados, em apropriações da rede mundial de computadores que aliam questões de trabalho, entretenimento, informação, comunicação e manutenção de vínculos – informativos e afetivos – com o país de nascimento ou com outros locais em que já viveram. Entretanto, quando perguntados sobre o que lembravam a respeito do Brasil antes de migrar, a televisão aparece como mídia mais significativa na memória dos entrevistados.

Como sentidos construídos sobre o Brasil nas narrativas migrantes, destacamos a permanência de um imaginário em torno do país tropical e das festas – construções ainda bastantes presentes. A violência, assim como referências a elementos celebrativos, como as praias, o carnaval, o samba e o futebol, se mantém no imaginário dos entrevistados, sobretudo a partir de memórias da recepção de telenovelas e telejornais.

Entretanto, o Brasil dos migrantes entrevistados não conjuga apenas construções dicotômicas entre o festivo e o violento. Ele aparece também como país que oferece oportunidade de crescimento e alternativa diante de situações de crise, seja de ordem natural ou econômica. As oportunidades não estão apenas no mercado de trabalho, no caso dos entrevistados, mas também na possibilidade de estudo e de formação acadêmica. Esta percepção pode ser observada, sobretudo, quando percebemos as principais motivações para a construção de projetos migratórios para o Brasil, para os quais, as redes de apoio, formada por conhecidos, amigos e parentes que já migraram, e mantidas pela mediação tecnológica, sobretudo através da internet, são fundamentais.

As entrevistas sinalizam também para as diferenças entre o Brasil imaginado antes de migrar e o Brasil vivido no cotidiano dos sujeitos. Essas diferenças podem ser observadas, por exemplo, no distanciamento entre o Brasil tropical a que consumiam pelos meios de comunicação e o Brasil do Sul, do frio e da cultura gaúcha, a que muitos conhecem só depois de migrar. Do mesmo modo, o Brasil que se constrói como país acolhedor de novos fluxos migratórios também é o país da burocracia e das restrições legais, que dificultam a vida de quem deseja construir projetos em seu território. Conseguir um trabalho, ter direitos trabalhistas garantidos, alugar um local digno para morar, disputar uma bolsa de estudos, regularizar a condição jurídica como migrante – tudo isso se mostra mais difícil do que o esperado na trajetória dos colaboradores da pesquisa, assim como na vida de tantos migrantes que escolhem o país como local para viver. Os entraves burocráticos e os impedimentos legais, em parte, desconstroem o imaginário do Brasil festivo, das facilidades e acolhedor das diferenças. Infelizmente, é este país que cada vez mais migrantes enfrentam em suas trajetórias.

Quadro 1: Perfil dos entrevistados.

Entrevistado

Sexo

Idade

País de nascimento

Ocupação

Tempo de permanência no Brasil

Local da entrevista

1

Masculino

40 anos

Uruguai

Seminarista

12 anos

Porto Alegre

Tradutor

2

Feminino

36 anos

Peru

Professora

7 anos

Porto Alegre

3

Masculino

62 anos

Hungria

Microempresário

13 anos

Santa Maria

4

Masculino

26 anos

Peru

Engenheiro de produção

1 ano

Santa Maria

5

Feminino

26 anos

Guiné Bissau

Estudante

1 ano

Santa Maria

6

Masculino

23 anos

Peru

Estudante

6 anos

Santa Maria

Fonte: pesquisa própria.

Bibliografía

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Referencias

1   Os dados estão disponíveis no site O estrangeiro.org (http://oestrangeiro.org/2013/05/22/exclusivo-os-numeros-exatos-e-atualizados-de-estrangeiros-no-brasil-2/), e foram obtidos através de requerimentos feitos pelo e-Sic (sistema de informação ao cidadão), tendo os números de 2012 sidos requeridos ao Itamaraty e os números totais requeridos à Polícia Federal.

2   Ao falar de transnacionalismo (Portes, 1997) estamos referindo relações múltiplas tanto com o local de nascimento, de migração e os múltiplos locais de passagem, de fluxo, pelos quais se desloca e com os quais interage. Embora pressuponha relações entre nações, o conceito passa a incorporar uma dimensão mais ampla ao vincular-se à noção de relações transculturais.

3   A Wikipedia ((http://www.wikipedia.org) é um projeto de enciclopédia online caracterizado pela produção colaborativa e pela escrita hipertextual.